quarta-feira, 14 de julho de 2010

Tempo

Tempo.

Tempo.

Tempo.

Ledo, lépido, trôpego tempo. Onomatopéico tempo.

Cada vez mais, o ser humano se prende ao tempo, e se faz prender, tentando encontrar um meio, na ironia, de se livrar dele.

Tempo, tempo, tempo...

Relógios, celulares, leds, mostradores, dials. E, a cada vez, uma a uma, a sonoridade tão clássica de "tic tac"se converte em um som, só, rígido, intransitivo.

Eu odeio o tempo. Não acredito que exista, mas, mesmo assim, odeio. Para mim, o tempo nada mais é que uma mera convenção humana - mais uma convenção humana - para tentar medir o imensurável, e delimitar o ideal do indivisível.

Sendo direto, frescura. E mesmo assim, necessário.

O tempo, desmentido po Einstein, nada mais é que o porto seguro, a base, a fundação lançada por todo ser para que não caia na loucura de ruminar, dia-a-dia, a necessidade ansiosa de chegar ao objetivo do momento de cada um. É a orla, a murada, a defesa contra o abismo ilúcido.

E, neste meio, ele segue, não seguindo, em sua existência impossível, como um deus de Caeiro, em seu passo firme, e, na maioria das vezes, cruel:


-tempo, tempo, tempo, tempo, tempo...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Que não seja eterno...

É difícil tentar entender por que as pessoas agem como agem. Ainda mais difícil é se lembrar qual foi exatamente o motivo que te levou a reagir ao que elas fizeram.

Um simples gesto, ação e reação - quem sabe qual o verdadeiro motivo para que tudo que acontece dentro da própria realidade, e parece tão natural, aconteça assim?

De onde viemos, o que somos... tudo o que nos compõe. Toda a parte do passado que teimamos em lembrar como "presente". O beijo que demos ontem, o filme do domingo passado... cada momento que vivemos e tivemos.

Mas, se esses tais momentos - assim, no plural - aconteceram, passaram, por que, nunca conseguimos dividi-los nessa andança mochileira pela vida?

É, eu fiquei mesmo tentado a entender.

Um momento não é uma unidade de medida; ele não possui elemento definido, massa atômica, ou prazo de validade. Também não há um caminho certo de como ele deve ser percorrido, in and out, ou tempo determinado.

-Não.

Não?

-Não.

Um momento é o jeito como você está, e tudo o mais que compõe como você pensa, sente, age... quer. É o jeito com que você tenta moldar a realidade, trabalhando o seu paradigma, em busca do que tanto deseja. É um fato, e uma conseqüência, um micro e um macro, transportados para dentro de si e como você interage com tudo ao seu redor.

Tudo, é claro, dentro do infinito composto de um pouco de tempo.

E assim, mês a mês, ano a ano, vez a vez, se esvaem os momentos, numa linha única que teimamos em chamar de memória. Você não era a mesma pessoa quando deu seu primeiro beijo, sentiu sua primeira paixão, ou perdeu a sua virgindade: todos eram diferentes faces de você, criados no nada da 4ª dimensão inexistente, percorrendo um caminho sem volta, sem se tocar que está mudando, até que tudo ao seu redor também tenha mudado.

Talvez o grande defeito do ser humano é não entender que as oportunidades aparecem e, no mesmo passe de mágica, somem, envoltas no manto do momento, percebendo que elas existiram depois de muito, muito tempo.

Ou então, seja ancorar em si um momento especial, esquecendo-se completamente de todos os outros, que, por uma vez só, vão passar.

O problema é que, infelizmente, quase ninguém vê que apenas vai ser infinito enquanto durar.

domingo, 2 de agosto de 2009

Aquilo que já não tem mais valor

Perco-me, quando sua imagem me alça a mente,
Deixando no ar, toda ternura,
Mudando meu vazio em calidez pura,
E de um segundo ao outro, me faz diferente.

E o sonho, um sonho que se sente
De uma vontade que, dia a dia, perdura
De poder provar, uma vez, toda doçura,
E te peço perdão, por amar de repente.

Mas um sentimento, a lamuriosa melancolia
Que tudo alcança com gestos rotos
Se achega, tirando, da sanidade, a função

Levando para sempre, quando poderei, no desejoso dia
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
sentir junto ao meu, bater o teu coração.


V.H.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

The Same Mistake

Nada como ter um momento de latencia para poder parar e pensar um pouco na vida.

Me vi sem internet ontem, por ocasião de uma queda de energia - calma, calma, eu sei que você deve estar se contorcendo em agonia só por se imaginar sem internet, pense então como eu estava, eu PASSEI por isso - numa hora não muito propícia para isso, meia noite e eu sem sono nenhum, quando uma pergunta brotou na minha mente, do nada.


Já se perguntou, quantas e quantas vezes você cometeu o mesmíssimo erro nessa sua vida?

Pois é...

Quantas vezes esqueceu os óculos em cima da mesa, as chaves presas na porta, a carteira nas calças da balada passada?

E com os amigos, então? Quantas vezes não esqueceu de obviedades e de detalhes que o fizeram acertar ou arruinar uma amizade do mesmo jeito, uma vez atrás da ourta? E os afetos?


...e os amores?


Já se perguntou quantas vezes você se disse "hoje, estou mais velho, mais sério, mais maduro", e depois de 2 passos, torceu o pé no mesmo lugar? Dói, não dói? Mas o mais engraçado, parece que este tipo de torção não faz com que tenhamos um pouco mais de cuidado.

E o pior é que não importa se ela(e) é mais alta, mais magra, mais meiga, mais vivida.. se vocês se conheceram na night, no shopping, ou até mesmo, na internet... os erros acabam sendo os mesmos, como se em uma fase zigótica, a natureza tenha brincador de escrever um "aqui, sempre errarás" nos seus cromossomos.

Ah, e quanto às promessas, promessas...

Já se perguntou quantas primeiras e últimas vezes você se prometeu?

E quantos "prometo que" você disse à ela, então?

Não importa o legado, a herança... na grande maioria das vezes, as escolhas são reprises malfadadas aos olhos de quem vê algo inédito, cíclico, ininterrupto. As escolhas não dependem apenas de um momento, um olhar... uma vontade... elas traduzem, melhor do que palavras, quem é você.

Com medo? É... receio disto eu também tenho. Mas, o que há para se fazer? E o pior de tudo, é ter que acabar se contentando. Ou você nunca ouviu falar de Karma? Se uma humanidade inteira não conseguiu explicar e se redimir disto, que chances acha que você terá?

Simples, mas, talvez conformidade seja esta a resposta que todo mundo procura e, quando acha... se esquece.

E erra de novo.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Buscando estrelas


Engraçado como as pessoas, invariavelmente, gostam de sonhar.

Sonhos, aspirações, desejos... chame do que quiser, parecem uma necessidade para a vida do ser humano, um escape, uma variável da constante que é se manter são num mundo tão caótico como é este.

Um sonho, um alvo impossível... uma coisa improvável. O desenvolvimento sustentável da nossa sanidade; a trilha de tijolos amarelos que alguém tenta seguir, por pensar ser o correto a fazer. Um caminho metafísico, dedilhado, arpeggiado até a satisfação total - ou assim todos pensam.

Incrível como a gente ainda precisa disso pra viver, não?